quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Eu nunca desistiria de você, sabes disso. Te salvaria das profundezas mais infinitas do desespero, dos infernos mais fodidos, não me olha com esses olhos de quem não iria até a esquina por mim que, assim, me dá uma vontade súbita de suicídio. O diabo é que você adora o caos, a lama. Eu, nem tanto. Tive que acostumar-me na marra com alguns demônios e com a escrita sangrenta. Baby, só há dois cheiros invadindo o meu quarto, o primeiro é o odor envolvente da nicotina, o segundo é o meu predileto, seu cheiro que é, provavelmente, fruto da minha sórdida imaginação, pura miragem, holograma mais que perfeito. Em algumas vezes me atrevo a mergulhar em sua pupilas negras, quase sempre me afogo, são águas turvas e eu não tenho folego aos seus redemoinhos. Não sei nadar direito, meus braços são curtos e cansados, mas a coragem é grande, tão grande que beira a burrice.


As paredes observam todas as noites a minha insônia dolorida, e nessas noites de solidão são escritas cartas para um só destinatário: você, causador da minha cólera. Então elas choram comigo. Amor, eu não sei conviver com o caos. Não sei olhar pra ti e não sentir um puto nojo do seu caráter, do seu lirismo, logo em seguida  me odeio por amar-te desfreadamente, apesar da angustia.


Não me ofereça a boca se não estás a fim de me beijar. Não brinca e não briga comigo. Estou lhe pedindo colo, abaixei a guarda e humildemente te peço colo, amor. Não vês o meu desespero? Colo e um pouquinho do braço. Braços tão fortes e viris, prontos para abraçarem o mundo, menos a mim. Me leve pra qualquer lugar, não quero ficar em casa - meu quarto está doente - os móveis, o teto, paredes e janelas, todos adoeceram com excesso de loucura, de você. Deixa eu dormir - só por essa noite - em sua toca de leão selvagem. Hoje a selva parece um abismo sem fim e eu só encontrei consolo ao lado da fera.