domingo, 26 de janeiro de 2014

Não deixe

Não deixe as pessoas serem
seu alicerce.
nem as garotas jovens
nem as garotas velhas
nem os homens jovens
nem os homens velhos
nem aqueles no meio-termo
nenhum deles,
não deixe as pessoas serem
seu alicerce.

Ao invés disso
construa na areia
construa no lixão
construa na fossa
construa nos túmulos
construa na água,
mas não construa nas
pessoas.

Elas são uma aposta ruim,
a pior aposta que você pode fazer.

Construa em outro lugar,
qualquer outro,
qualquer
mas não nas pessoas,
massas
sem cabeça, sem coração
emporcalhando os
séculos,
os dias,
as noites,
as cidades, os municípios,
as nações,
a Terra,
a estratosfera,
emporcalhando a
luz,
emporcalhando todas
as chances,
aqui,
emporcalhando completamente
tudo
agora
e amanhã.

Qualquer coisa
comparada às pessoas,
é um alicerce melhor a se procurar.

Qualquer coisa.



Bukowski

sábado, 18 de janeiro de 2014

Para uma velha amiga.

Em toda a história humana o que mais o homem almejou foi uma máquina do tempo, ser sugado magicamente para o futuro ou simplesmente ser vomitado no passado. Eu voltaria naquele tarde quente. As palavras foram usadas da forma mais triste e áspera que há. Amiga, sinto muito por nós duas, mas o tempo e a dor apagaram qualquer vestígio de cumplicidade. Onde se encontra a garota que foi o meu primeiro amor?  Você foi embora e você não olhou pra trás, achou outras pessoas para serem chamadas de amigos; eu também achei pessoas, e elas me mutilaram e me usaram e me descartaram. Certamente, se você estivesse aqui, falaria: “não liga pra estes putos”, e ouviria meu choro abafado pelo cigarro. Não posso mudar o que me tornei, eu não posso te trazer de volta; estas cicatrizes já fazem parte de mim, nunca mais serei a menina meiga, me perdoa.  


Ainda guardo o som da tua risada, as fotos e toda lembrança bonita que ficou. 




De quem um dia foi chama acessa na sua vida, Andressa.                 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014


Você me teve em tuas mãos e não soube o que fazer com isso, eu sempre fui mais mulher do que você foi homem. Ainda me pergunto o que é que me despertou o interesse no seu mundo, talvez, só talvez, foi o seu jeito bobo de levar as coisas  e a sua vida desprovida de qualquer mínimo problema. Invejo-te por isso. Você me disse, uma vez: "eu poderia ter escolhido qualquer garota menos complicada". Mas baby, a escolha já foi feita e meu fogo lhe queimou a pele. Te senti distante, teus olhos claros nunca mais se chocaram contra os meus olhos negros, estava começando a doer. Mas antes que você partisse, eu ti parti, ao meio. Continuei o que você começou, te joguei descarga abaixo; mudei o disco, a dança, o ritmo. Eu chorei por isso, meu coração ficou dilacerado, eu precisei acabar contigo, era você que acabaria comigo. Essa não é a regra? Destruir o que te destrói? Meu instinto foi o mais selvagem possível e eu chorei por isso, merda. É que essas sardas que lhe marcam o rosto ficam tão bonitas olhando assim de lado. Me encarando rígido, perguntava: "você vai parar te tomar essas merdas?". Eu sou sua garota complicada, lembra? Eu faço tudo errado, tudo errado. Não era a minha morte que te preocupava, era o pânico de não saber o que fazer se em seus braços eu caísse dura e morta. 


Provavelmente, outras putas cruzarão o seu caminho e outros caras me beijarão a boca. O adeus já foi dito baby, e doeu.    

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Um texto para a morte que não houve.

Você não me salvou, meus amigos não me salvaram, mamãe não me salvou, baby. Eu sou a garota fudida entorpecida por uma duzia de comprimidos e uma tonelada de dramas. Eu quis pular da janela do oitavo andar, quis colidir meu corpo contra um ônibus. Ninguém me salvou. Eu sou a suicida fracassada e eu não morri, não morri. 

ha
haha

Vejo teus dentes sorrindo ao lado da puta que você escolheu, e eu não morri.