Não adianta
forçar. Não adianta querer que saia o bom poema. A escrita simplesmente vem, ou
não vem. É assim pra todos nós, miseráveis, que precisam dela pra achar um
pouco de graça no inferno. Por dias andei entorpecida e vi beleza nos olhos
tristes da moça no ônibus, e vi a lua beijando Vênus, e vi fumaça e caos impregnados
no meu livro velho. E minhas lágrimas eram tão secas e frágeis, caiam
cuidadosamente no chão frio do banheiro. “Chorando bem baixinho, bem baixinho,
baby. Pra nem eu, nem Deus ouvir”. Não houve papel e caneta, tudo digerido e
vomitado pra dentro. Era
meia-noite no lado escuro da vida, e nada fazia sentido.
E as minhas piores dores são as palavras que não posso dizer.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
domingo, 22 de setembro de 2013
"E minhas próprias coisas
eram tão más e tristes, como o dia em que nasci. A única diferença era que
agora eu podia beber de vez em quando, apesar de nunca ser o suficiente. A
bebida era a única coisa que não deixava o homem ficar se sentindo atordoado e inútil
o tempo todo. Tudo mais te pinicando, te ferindo, despedaçando. E nada era
interessante, nada. As pessoas eram limitadas e cuidadosas, todas iguais. E eu
teria que viver com esses putos pelo resto de minha vida, pensava. Deus, eles
todos tinham cus, e órgãos sexuais e suas bocas e seus sovacos. Eles cagavam e
tagarelavam e eram tão inertes quanto bosta de cavalo. As garotas pareciam boas
a distancia, o sol provocando transparências em seus vestidos, refletido em
seus cabelos. Mas chegue perto e escute o que elas têm na cabeça sendo vomitado
pelas suas bocas. Você ficava com vontade de cavar um buraco sobre um morro e
ficar escondido com uma metralhadora."
Buk.
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Nos embalos de um ônibus lotado, eis que me surge uma moça.
Eu vi na tua solidão, combustível para a minha.
Moça, chorar não é feio.
Não há nada de errado com a dor.
Chora! deixa doer.
Um dia a chaga se cura
e toda desgraça,
virará pó na memória.
e toda desgraça,
virará pó na memória.
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